quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

mais 365 sóis.

Final de ano é virar folha de calendário que a gente inventou. É pensar cronologicamente nos doze meses que a gente usa pra organizar a vida. Acho que tudo que eu quero no próximo ano é fugir disso: a vida cronometrada em segundos, minutos, horas, dias, meses e anos.

Quero viver dessa mutação, dessa vida fluindo sem sentido, viver como diria a Clarice "com a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa."

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

férias.

No meu quarto guardo uma concha, visível sempre antes das horas de sono, para me trazer um pedacinho do mar. Pelas paredes, guardo em ilustrações e imagens pedaços de onde já pisei. Mas talvez mais tatéis que qualquer coisa dessas, sejam meus olhos, que conseguem passar por tudo isso e avançar sobre as minhas memórias me levando os pés pra fora daqui. Tenho quatro paredes que para mim são uma porta para o mundo. E por esse caminho eu sempre sigo de pés descalços. As janelas que levam à minha alma ao mesmo tempo que carregam o olhar pra dentro, encontram um pedaço de mim em qualquer lugar e coisa que meus olhos possam tocar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

do impossível.

Uma inundação no peito e alguém nos pede para colocar isso em palavras.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

narciso;

Meus olhos já tem calos para essas tuas mentiras tolas, nessa tentativa escassa de tentar passar o tempo e a vida. Vive a vida, vive! É o máximo que posso te dizer. Mas vive com a coragem de quem anda sobre o fio da navalha. Com quem tem coragem de manter o peito aberto. Já era tempo de abrires os olhos para o resto do mundo, antes de escondê-los sempre pra dentro do teu peito, tão cheio de afetos emoldurados em vidros quebrados. Poesia só me faz sentido se é feita por quem vive, definhando, amando, vibrando, por quem sente e não chora escondido no colo do pai. Não vale nada pra quem anda de sapatos amarrados, com a corda no pescoço no meio do salão. Grita que tu gritas pra ti mesmo e só a ti queres ouvir. Já cansei tanto de ter tuas palavras que me calo por ti.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Confesso (2).

Estou cansada desse ritual social, de todas essas conversas que se desenrolam do mesmo jeito sempre, nas mesas dos mesmos bares, no meio do mesmo círculo de pessoas, que talvez mude uma ou duas, mas saem as mesmas histórias, as mesmas conversas, os mesmos assuntos. Qualquer assunto que há entre todos uma certa ligação, mas na verdade estão todos tão distantes de qualquer coisa que se sinta dentro do peito. Risos tão altos e tão condicionados por esse ritual todo.
Estou cansada dessa importância toda ao círculo e a diversão que podem sucumbir uma relação próxima. De ter como desculpa sempre uma falta de consciência.
Estou sem paciência com metade do mundo e talvez isso seja só uma necessidade urgente de paz.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Confesso.

E hoje, eu só precisava de alguém que ouvisse com o coração. Porque às vezes é indescritível o que a gente sente, e um emaranhado de palavras que possa se tentar expressar parece pequeno e confuso demais diante do que se passa dentro.

domingo, 29 de novembro de 2009

ponto de mutação;

Nessa doce tarde de novembro, a pulsação sobrepôs a pele. Era tão forte que me sentia rasgar. Eu sentia o tum, tum, tum das batidas e sabia que já não poderia suportar em mim. Tanto, mas tanto, mas tanto... Eu te digo que se eu sorria era de amor e se eu tenho algo a recordar, é por algo que se viveu, por vontade de viver, longe de qualquer autoafirmação de estupidez.
É por isso que eu posso lacrimejar nessa madrugada sem fim e entender a imensidão desde o início da linha. Finalmente, sem corte algum. Se hoje eu juntei o ontem e o hoje, é porque dessas imensidões é que esse sangue verte quente. Eu já sou mais que o ontem e o ontem do ontem, e ainda sou início, então eu pulso, sem querer saber onde vou parar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Gaiola de vidro.

A gaiola de vidro invade as ruas
Espelhos, concretos e fios
se erguem sobre
a cidade das memórias

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As pessoas resolvem seus problemas com muros mais altos. Sentam confortavelmente no sofá, ao final do dia, com um sorriso de missão cumprida.

Me dizem que vento não abre tranca de porta.

Já não consegue ser mais do que isso: um coração bandido, largado, debaixo da cama. Se afunda na lama, clama na frente do espelho. Pede silêncio - sem um ruído, sem um sinal! - para os próprios ouvidos. Cala-te e cala-me. Deixa a boca abrir sem pestanejar, mas cala os ouvidos, que não se quer ouvir a volta. Todas as palavras jogadas, largadas aos quatro cantos, aos quatro ventos e só tampa os ouvidos.

Som de surdo é som de coração, e a esse ninguém engana.

domingo, 15 de novembro de 2009

o jardim tem a cor dos teus olhos.
O mundo rodando, rodando, rodando e eu aqui, sem saber porque parei. Estava correndo contra o tempo e ele me engoliu.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

é de se esperar de quem não se espera.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

tum, tum, tum, tum, tum... hã!, glup.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sinto essa garganta arranhando, a cabeça pesada, os olhos secos. Os olhos secos, tão secos, e sem brilho. Por mais azul que possa estar o céu. Minha cabeça pesa sobre o meu corpo e eu já não vejo mais nada. O sangue corre tão espesso, quase me carrega com ele enquanto escorre. O corpo às vezes parece uma coisa dura e seca, do qual não fazemos parte. Afinal, deveria ser algo a nos acompanhar. Mas nos transportamos em pensamento, e ele continua aqui. Pisamos outro chão, e ele continua nesse piso frio e áspero. Às vezes precisamos ser somente uma partícula pulsante, imersa sob todo o resto, e nos vemos como esse grande boneco batendo uns nos outros, sem ao menos reparar.

"Mas foi quando eu ainda nem havia dito nada, foi quando eu ainda nem te conhecia, foi na fresta que, por descuido, esqueci aberta... que teus olhos doeram em mim, caíram em mim e me mancharam de tinta. Não sei o que era ali dentro deles, se a minha tristeza ou a tua, mas nunca vi olhos tão claros, nem outros que ofuscassem tanto a minha vida. "

(Rita Apoena)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Há sempre a pausa, com a qual nunca se sabe como lidar. É como o espaço de tempo entra a idéia e o soco no peito: o querer e o sentir. a vontade e a dor. qualquer hora dessas e o depois.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

E comecei a pensar no tempo, no quanto pode se estar perto e se estar longe, no perigo que há deixar isso continuar assim. No quanto é preciso do perto-perto. E a ansiedade há de perseguir por mais alguns dias, enquanto a mente tenta alcançar algum significado nesse vai e vem todo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Me guiam ou me perdem.

Quantos passos para trás é preciso para dar um passo pra frente? Me digam, sonhos!

sábado, 24 de outubro de 2009

seus olhos tem a cor do mar, sempre tão abertos e pulsantes, infinitos, como a alma dela.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

As pessoas procuram amores de porta retrato, afetos de enfeite, colecionáveis, efêmeros para olhar e encontrar o que já se foi, o que se sentiu e o que se é.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Senti no peito aquela coisa crescendo, grande. É vida, não? Arrebata o corpo e escorre... nós e ele.

sábado, 17 de outubro de 2009

Sobre a minha janela.

De cores tão fortes sobre o peso da vida e da morte. Sinto-me mais fácil, sinto-me nuvem, sinto-me leve ou não me sinto. Ou só sinto, ou só vento, ou só me faço chuva. De modo simples e passageiro. De sangue quente em velocidade alternada. Sinto o peso das manhãs pela janela e ele me olha e me vê com esses olhos grandes e fortes. Olhos profundos e escuros que me dizem que fica ali a parte da escuridão, ali a parte que eu não ainda não vejo, não porque há uma barreira, mas é porque é uma parte que não se vê. É a parte que vem e a gente consome, mastiga, devolve, em formas escritas, desenhadas, sei lá como mais. Talvez seja uma necessidade gigante de se expressar, que já procuro além das palavras, com o toque dos dedos ou na leveza dos pincéis. Mas então continuo a olhá-lo sem medo, porque ele tem esse peso de vida e morte, que é tão bonito, que não há como fechar os olhos, de tanto que ele explode. Ele se abre todo e me diz que é assim que se vive, aberto. Coração pulsando fora do corpo, dentro do corpo, invadindo tudo e todos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Infância.

Ele era uma daquelas coisas bonitas que a gente pode ter sobre o colo e sentir a vida em nossas mãos. Portanto, seria sempre aquele ser pequeno, palpável, como a vida, que a gente quer poder sentir por inteiro. Sentir e descrever o tempo inteiro, como um desenho sobre a luz.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Por um triz da força, que se é luz.

Eu levantei com o coração apertado. E nem sei de onde me levantei, nem ao certo quando. Porque afinal eu já estava de pé, eu estava de pé, com o coração e o corpo pulsando leve denovo. Tão bonito, e os dias calmos, e a cidade toda calma, nesse reflexo de mim que ela sempre é. E meu coração aquecido pelas horas tão bonitas e pessoas tão bonitas por perto. Eu pensava que era aquele ciclo novo que estava a surgir por aqui, e que finalmente a gente vive, finalmente eu respiro leve aqui denovo. E no meio da coisa toda, meu coração me arrebata, e me vem essa nuvem, essa nuvem, me esconder os raios de sol. E me caem a mente os três beijos, tão doces, tão ternos, tão lentos... e os nossos dias todos, vem atrás. E eu me perco em imagens bonitas, em uma sensação tão bonita. Mas sempre se volta à esse branco, à essa nuvem toda. Eu não quero sentir a queda, eu não quero. Ou as companhias me salvam, ou tento me salvar primeiro.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Primavera de 2009.

E começa-se a contar os dias.
As cores ascendendo as nuvens espessas,
E o que se perdeu... eu já nem sei.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Eu sou mais forte do que eu.

Às vezes precisamos recriar as forças. Mesmo sendo às vezes fácil ou tão difícil. Como o fio da navalha sob a última camada de pele transparente. O coração é abrigo enquanto sangra, o sangue estancado em cicatrizes que multiplicam-se e o corpo às vezes é só vento.
E o vento é imenso. Somos parte de tudo como tudo é parte da gente. No ar que move a pele. No ar que forma a pele. No ar que se funde à pele, como uma coisa só.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Incontestável.

Tem dias que ou a gente acorda com saudade ou a saudade acorda com a gente.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

de peito aberto e pulmões rosados.

A vida acontece entre eu pulsando correndo ao lado da linha do trem na noite intensa de corpos ao vento, ao som da música, com a água toda nos invadindo, e eu sentada naquela varanda, sentindo o som do rio, aquele som tão forte, tão bonito, e as plantas todas ao redor, e eu tateando o aroma bonito que a natureza traz e invade aquela casa.
Minha alma fica imersa em chuva nessas noites amarelas e tardes azuis. Sinto os cabelos molhados, o cheiro da terra, a flor brotando no asfalto. E meu coração escorrendo, tentando passar pelos bueiros, meus pulmões cheios de flores, tantas e tantas flores. Eu quase posso ver as cores de tanto que sinto elas aqui dentro. Dessa imensidão meu corpo é apenas extensão. Se faz frio ou calor, é porque há um peito aberto, invadindo e pulsando na boca, nos olhos, quase pulando de mim, enfim.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

20 de setembro.

Dia 02 de novembro, aniversário da mulher que nasceu em dia de luto e é mais luz do que qualquer outra. Dia 09 de dezembro, aniversário da sagitariana que me acompanha todo dia. Dia 19 de julho, aniversário da menina que me traz saudades da companhia de todo dia. Dia 18 de janeiro, aniversário da pessoa que me fez seus olhos. Dia 13 de dezembro, aniversário da minha doce terceira pessoa. Dia 09 de novembro, aniversário do primo escorpiano mais peste do mundo. Dia 03 de dezembro, aniversário do primo sagitariano mais doce do mundo. Dia 12 de novembro, meu dia. Dia do menino que é minha continuação, sempre o ano a nos separar, as escolhas da vida a nos juntar. Dia do outro menino que atravessou quilômetros e me trouxe a graça da vida paulista novamente há anos que parecem tantos e são poucos. Dia 12 de dezembro. O dia da festa de aniversário junto com a irmã. O dia da praça com chuva e garganta engasgada, e as palavras que precisavam tanto de um caminho e se prenderam ao corpo e para onde foram, nunca mais foi mencionado. Dia 12, sempre dia 12, sempre ano ímpar. Dá até medo de quando chegar o ano de 2012. Dia 30 de novembro, noite de Pearl Jam. Dia 21 de abril, noite de Placebo.

Eu lembro de tantas datas. Só não me lembro desse dia. E ele me lembra dele todos os anos, apesar de se mudarem os estados, as cidades, as casas, apesar de uma nova cor na parede, de um novo piso, de uma nova ordem nos porta-retratos, de uma vida toda nova. Ele sempre caminha à passos lentos do jardim até a sala. Com uma flor entre os dedos para se dizer que tem saudade.

sábado, 19 de setembro de 2009

os corações percorrem a madrugada sob sangue quente.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Esqueceu a torneira aberta e submergiu, subexistiu, sumiu?
Chegou ao terceiro livro e a terra
já estava vazia e vaga.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

- Me dá um brinquedo novo?
- E do último, já não gosta mais?
- Cansei!
- Mas é o terceiro brinquedo em tão poucos meses!
- Mas eu preciso de um novo sempre, o penúltimo carrinho perdeu a roda, o último trem perdeu-se dos trilhos. Eu sou pequeno demais, não posso consertá-los.
- E o que você faz daí?
- Sonho com um brinquedo novo.
- E o que você vai fazer quando seu quarto estiver repleto de brinquedos quebrados?

domingo, 13 de setembro de 2009

Da carta iluminada e da flor cor de fogo.

"(...) Na vocação para a vida, está incluído o amor, inútil tentar disfarçar, amamos a vida. Lutamos por ela dentro e fora de nós mesmos. Principalmente fora, que é preciso um peito de ferro para enfrentar essa luta na qual entra não só o furor mas uma certa dose de cólera, furor e cólera. Não cortaremos os pulsos, ao contrário, costuraremos com linha dupla todas as feridas abertas. E tem muita ferida. (...) Sei que as borboletas andam raras, mas se sairmos de casa certos que vamos encontrar alguma... O importante é a intensidade de empenho nessa busca. (...) Quando a vocação para a vida começa a empalidecer e também nós, os delicados, os esvaídos. Aceitar o desafio da arte. Da loucura. Romper com a falsa harmonia, com o falso equílibrio e assim, depois da morte - ainda intensos - seremos um fantasminha claro de amor. (...)"

A Disciplina do Amor, Lygia Fagundes Telles

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

a água não passava pelo ralo, meu coração também não.

domingo, 23 de agosto de 2009

móveis velados como filho, bate no peito a criança que ainda se alegra com a boneca que nunca teve.

sábado, 22 de agosto de 2009

coração no avesso.

e eu nessa cama confortável e mesquinha!
longe da alma quente das ruas.

e eu nessa cama confortável e mesquinha!
e o que fizemos pra nós além dessa selva de concreto?

e como é ela é seca e mesquinha, e mórbida,
do jeito que a gente come o mórbido como vermes,
rastejam e rastejam.

e apodrecem de tão podres que eram.
de tão podres que são
e de tão podres que sonham em ser.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

meus olhos pulsantes sobre o manto verde.

O coração pulsando tão forte que quase é possível senti-lo pela boca, pelas artérias, pelas veias, percorrendo o corpo todo, nesse mistura de proximidade e distância. Ah, o sol amanheceu tão forte hoje que é quase como se o céu de lá avançasse por aqui... como avançam os suspiros, os sorrisos e o abraço quente. Parece até que respiro o ar puro daquele manto verde que avança sobre o quarto infinito, sobre a alma infinita, sobre o menino infinito... naquele tom pulsante de vida que brota dos olhos dele, no sorriso de descoberta, nessas coisas todas, simples, bonitas e infinitas que os dias carregam com ele.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

minha doce terceira pessoa.

E a última vez que eu fui lá, que é há pouco tempo, mas sempre pra mim parece longe, porque sempre quero passar com ela mais e mais tempo, e então, a última vez que fui lá, estavam construindo um prédio torto e feio na frente da varanda dela. E ela me dizendo que só não queria janelas daquele lado do prédio, porque a última coisa que ela queria era alguém a espiá-la pela janela. E eu fiquei só pensando que a minha tristeza ia ser ficar sem o horizonte daquela varanda, de onde eu percebi pela primeira vez que eu precisava usar óculos, com a gente sentada na mureta da varanda tentando ler as fachadas das casas lá em cima do morro...
E eu era pequena, e podia querer brincar, ou estar correndo pela casa, mas a minha felicidade era mesmo que às nove horas da noite eu estaria lá sentada nas cadeiras de ferro antigas ao lado dela, conversando sobre alguma coisa e olhando o horizonte da cidade que é minha e não é.
E eu sempre tenho muito medo de escrever sobre ela, e já me vem uma vontade louca de chorar, porque ah, a última vez que escrevi sobre alguém como ela, a pessoa se foi depois de poucos meses... e se acontecer isso com ela ah, aquela cidade que é minha e não é, não vai fazer sentido algum. Vai ser buraco fundo e vazio, e andar lento pela cidade não vai ter mais graça nenhuma... Entrar naquela casa seria um bege vazio.
Ah o barulho daquele pequeno portão, que passa tanta gente e todo mundo deixa aberto, e agora ela fecha porque de uns anos pra cá ficou perigoso, e olha como o mundo anda rápido... agora é perigoso e ela tem alarme pela casa e eu fico sempre reparando nisso quando vou lá e pensando como o tempo anda. E eu sempre quero ver o rosto dela primeiro que tudo, pra ver como o tempo passou, pra me reconhecer nele... pra lembrar de uma das certezas da minha vida.
Ah a doce loucura, a doce loucura, e o cuidado e a preocupação, de um jeito tão dela! Tão dela!
Ela não gosta muito de falar ao mesmo tempo que fala, e ela me liga às vezes só pra me contar de algo que ela leu no jornal e pode ser pra mim. E os jornais, ah! Da última vez que eu fui também descobri que ela guarda os meus jornais dobradinhos, com um elástico, tão bonito do jeito dela! E nem sei se ela leu, esqueci de perguntar, mas abrir a gaveta e ver os jornais assim dobrados, em um monte pequeno, foi tão bonito...
Me vem um choro tão engasgado quando eu penso nela... A minha felicidade foi voltar para a antiga cidade a agora ficar tão perto dela, e pode fugir de vez em quando pra lá, não mais como antes, que era a cada ano e depois a cada dois anos, agora eu posso fugir pra lá quando quiser... mas ao mesmo tempo cada vez que eu vou parece que eu tenho menos tempo, e mais saudade, e que preciso aproveitar mais e mais a voz doce dela. E eu sempre vou embora pensando que preciso voltar lá e sentar naquela mesa e conversar sobre qualquer coisa e sorrir só de olhar ela contando sobre tudo...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ah, tanto alma de menino.

E eu fiquei aqui, com o amigo mandando sair do computador porque ele que estava usando esse, e porque ele queria usar porque já era intervalo, e eu só querendo continuar a ler, só mais alguns parágrafos daquele texto dele, me deixa por favor. Ele me deixa e eu fico lendo e me sentindo dentro da alma dele de menino, e dentro dos olhos dele, e sentindo aquela dor com ele. E eu fiquei realmente triste de não poder dar-lhe um abraço agora, porque mais do que tudo, queria dar um abraço nele agora. E era tão simples e tão fácil, e agora é longe. E agora eu sento em outro computador, porque não tá sobrando nenhum nesse laboratório hoje, e já vem outro amigo me mandar sair e ah eu fico aqui lacrimejante, só pensando que eu não vou conseguir não soltar a primeira lágrima, e alguém vai comentar alguma coisa quando a lágrima se soltar, e isso tudo poderia ser escrito só em uma palavra: saudade.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

inexplicáveis...

E parece que todos foram envolvidos no manto quente... e os reflexos ficaram dias além. Talvez a leveza da alma feliz e simples tenha alcançado a todos. Talvez todos pulsamos juntos e agora, nos falta uma parte.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

caminhando sobre os teus olhos;

a primeira música tem o sabor largo do teu riso...
a outra tem o cheiro do teu corpo...
e tantas mais tem o tato doce da tua voz sobre os meus ouvidos atentos...

eu te olhava e tu sorria um sorriso bonito, de covas largas, na nossa noite sob o quarto infinito... e a palavra simples nunca me pareceu tão singular e tão certa. simples como é sentir e viver em ti e tu viver em mim... e o meu coração pulsando no teu suspiro.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Coração quente, e um vazio, e um vazio...
Vou tentar lembrar da frase o tempo todo para a calmaria voltar e me confortar desse vazio...
"Há silêncio agora e há frio e há olhos molhados. Mas não dor. Muito pelo contrário: saudade pura e bonita..."

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

do que ela me sente.

Clarice calou-me como sempre:

"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."

alma de menino.

Meu corpo balançava junto com o ônibus naquela leve náusea. O dia já tinha tom de despedida, parecia que a chuva acompanhava minha chegada e partida...
Eu queria ouvir ele tantas vezes ainda, para decorar bem aquela voz e me lembrar nitidamente dela quando tivesse saudade. Eu me agarrava no tempo e ele fugia por entre meus dedos...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Se alguém me pedisse para descrevê-la eu diria com um olhar, que ela faz tudo com um cuidado e uma atenção que faz qualquer um ter inveja. E as coisas saem bonitas simples assim. Enquanto a gente passa horas tentando fazer algo, ela toca no pincel e dali parece sair mágica.
E esse sol batendo forte em mim. E as coisas todas me iluminando, e isso tudo, iluminando elas.
E essa luz toda de onde vem?
Não tem explicação...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Aquece o meu corpo, aquece a minha alma. Porque se a vida for assim eu vou morrer todo dia. Bem daquele jeito que eu te falei um dia e você nem se lembra mais, da morte em que eu explodo no impulso mais forte e quente dentro de mim e me torno aquele líquido gelado rasgando as veias do meu corpo, como vento gelado que corta e perfura a pele. E eu morro em um respiro. Como pode, se morrer em um respiro, é tão vida, é tão morte. E a vida, caminha assim...
O meu coração é doce, e hoje ele se desmancha de tantas existências dentro dele ao mesmo tempo que é só um.
Meu amor a gente sente e a gente é mais um, tuas mãos geladas sobre as minhas e nosso corpo quente.
O teu coração pulsando em mim.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

ai, esse arrepio... cala a boca e aquece a alma.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Temos uma pequena turbulência, passageiros. Apreciem.

A roda gigante da vida tá girando rápido. E meu corpo e mente nessa leve naúsea que ela me causa. E isso nunca foi tão bom. Não consigo escrever mais do que três linhas. Ela me engole, me cospe pra fora, eu me atiro lá de novo, e fico rindo cada vez que ela tenta me tirar e eu voltando nela. Uma risada me escapa. E eu a deixo livre... e me amortece o rosto e a alma.

domingo, 26 de julho de 2009

Sem ar ou muito ar.

As vezes dá vontade de chorar. A vida circulando e batendo tão forte aqui que mais do que nunca eu só um respiro do mundo. E a minha vida cada vez mais é esse monte de coisas juntas que movimentam meu coração, meu pulmão, todas as artérias e veias que correm por aqui.

sábado, 25 de julho de 2009

Sempre um coração pulsando na beira da estrada.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

minha flor amarela de beira de estrada.

Eu não consigo me lembrar se estava acordada ou dormindo, só sei que meu coração pulsava cada vez que eu via a flor amarela que brotava no meio do cerrado. Meu pulmão respirava pelas veias que possuiam aquelas árvores tortas. De repente eu perdi a forma, me perdi na imagem que a vida devia ser, o brotar nas linhas tortas, a imagem subescrita. A falta de explicação que tinha aquela bandeira branca na beira da estrada e o encontro do sentido cada vez que eu colocava meus pés no infinito.

sábado, 4 de julho de 2009

Been dazed and confused...

As rosas jogadas na calçada cinza e eu olhando da janela, da JANELA, entendeu?

Andando sobre a cinza, sobre a cidade maldita televisionada da sala, quero espremer os galhos com os próprios pés. Descalços, na terra imunda, na minha alma imunda que ronda esse círculo vazio.

domingo, 28 de junho de 2009

Ah meu coração, quando pulsas nessas horas é quase cheio que preenche tanto ar que não aguento. Venta tanto que é até dificil se segurar! Intacto ninguém sairá, inteiro ninguém sairá... mas o que mais será... o brilho da manhã ainda é seco, o amarelo da noite ainda é pálido, e a vida ainda é começo...

Isso soa quase como aquela música de notas calmas e descontínuas, soa quase como a onda leve que nos carrega pelo caminho certo, o incerto, de pulsação.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

"Eu sou mais forte do que eu"

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar. Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre. "

C.L.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Era quase 1 hora da manhã e me veio a vontade louca de chorar. De caminho aberto, de passos cada vez mais longos... de encontro, de saudade, de começo, de vida escorrendo, de dia azul, amarelo, cinza... de peito aberto.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Coração de aluguel.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eu queria uma chuva torrencial, queria não poder respirar por cair tanta água... Queria começar a chorar e chorar tanto que eu não saiba mais de onde vem tanta água... se sou eu o é a vida escorrendo do meu corpo...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Esse frio úmido perfura a pele até os ossos e me afunda no azul imenso. O céu tem milhares de camadas azuis e eu atravesso cada uma delas com o fogo ardente e quente dos olhos. Deve ser por isso que é cor tão bonita, cor das coisas imensas, de mar e céu, de calma e tempestade.

Eu fico entre a pele seca e o céu. Não estou onde deveria e até esqueço por uns instantes: eu sou só um olho vivo pulsante.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Pulsações

Nessas horas, pela madrugada, eu queria estar correndo...
Correndo correndo com o coração pulsando daquele jeito do lado da linha de trem: pulsando entre a corrida, a chuva e a vida.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

indizíveis da madrugada.

Meu amor, se eu te contasse o que eu vi nesse nosso aparente sonho. O quanto me dói nos dizer que é nosso e é só um. Se eu dormir agora posso matar o que poderíamos conhecer.


Me vira, me vira a cabeça e eu fico pensando naquela cena, ou talvez melhor, eu fico sentindo aquele ar e eu estou ali:


Amor, eu estou sentada naquela varanda, aquela bonita varanda com aquela visão de galhos secos, lindos galhos secos que permeiam a praça e ela é tão linda e seca. Ela é assim, crua e nua, não tem nada, ganha um pouco quando alguém passa por ela... assim ganha algum caminho. Fora disso é nua, crua, quase dormente, tem o piso formigando todo, à espera de alguma explosão.

Se o Caio passasse ali jogaria alguém ao ar. Caio choraria umas lágrimas leves e pesadas ao mesmo tempo, mas como é que eu consigo te explicar, como é lindo ver, ele lhe daria cores sem pintar nenhuma parte. Ele comeria cores, vomitaria cores, jogaria elas todas ali... naquele nosso quadro branco e preto.


Você me diz que tem três horas pra nos pertencer, e eu te digo o mundo inteiro. Afinal o que me aparece são essas horas todas, à essas horas, elas nos cobrem, nos levam daí, nos levam daqui. Aquela janela era tão diferente... Eu te diria que ela não tinha as cores que deveria ter ao mesmo tempo que tinha. Essa falta de cores que é nossa, essa falta de cores que nos encobre o riso... que acompanha os segundos quando eles apenas são. Porque nessas horas eles apenas são. Nós somos apenas dois sorrisos, você mais um, você são três. Três sorriso você, um sorriso meu, e a gente fica assim... nós somos parte do segundo do mundo e pronto. Parte do segundo do mundo avança e tenta bater como relógio tic, tac, tic, tac... e hoje ele está a meu favor. Prometeu que ia me ouvir, prometeu que ia-me rir e agora até ri sem motivo, sem querer, sem alguma coisa que o levasse à mais simples mudança de expressão.


Eu repetiria mil vezes como a minha morte começa nesse terceiro sorriso... e a minha vida também. Eu não sei mais o que fazer bem, se eu acordo eu bem penso, se durmo bem vejo. Eu queria te contar da maneira mais simples possível e daí me complico...


éramos nós, era uma janela, e era sete horas, de três horas que você pediu... você procurou flores e elas murcharam, eu esperei um tempo e ele ultrapassou.

domingo, 17 de maio de 2009

meu amor de porta.

Abracei a porta com gosto, afinal era ali que o segredo ficaria bem guardado. Fechei cuidadosamente, testando o cadeado mais de três vezes para me certificar que ninguém encontraria o que afinal, era tão meu que ficava naquele cômodo escuro, sem janelas, porque se por alguma sorte alguém conseguisse arrombá-la, faltaria-lhe luz. Tentei ficar longe, mas não consegui. Me arrastei porta abaixo, até chegar ao chão, sentei exausta. Do que eu poderia chamar aquela coisa que nem eu mesma consegui dar nome? Tinha um certo ódio por guardá-la tão bem e sempre, por ser tão minha, por de certa forma não conseguir compartilhá-la com ninguém. Pensei em esquecer as chaves sobre a mesa ou inventar histórias mirabolantes para despertar a curiosidade de alguém e fazê-lo querer abri-la, pensei até em implantar alguma lanterna no caminho como um falso descuido. Pensei tanto que cansei. A raiva e a angústia pareciam só crescer e eu arranhava a pele, minhas unhas percorriam lentamente todo o meu braço com força para sufocar essa culpa. Eu comecei a odiar aquela imagem sem graça no espelho, sem graça e sem voz. Esse corpo de sussuro que eu pensava, meu deus, porque estar. Eu poderia achar graça do que ficava atrás da porta e nem me importar. Mas parecia que isso me consumia cada vez mais. Passava horas distante, com outros afazeres, pensando que talvez pudesse esquecer o fato de que havia algo. Eu odiava com um certo amor, amava com um certo ódio e comecei a ficar enjoada daquele pedaço de alguma coisa. Pensei em largar tudo e guardar a porta, me deu um certo alívio pensar que assim finalmente tudo ficaria seguro e protegido. Os olhos arregalaram e de repente percebi... a porra do mistério era eu.

sábado, 9 de maio de 2009

suave...

tem umas pessoas tão leves e tão belas que às vezes parece que a vida começa e acaba nelas... é um mundo inteiro girando e explodindo em umas cores suaves que levam longe, tão longe... é como esse mundo das palavras extensas, que a gente lê e parece abismo ou apenas o início...

eu tenho os olhos molhados de vida, um gosto de sal, de água do mar dentro e fora... e uma imensidão que viaja e forma...

uma aprendizagem ou o livro dos prazeres...

"Teus olhos, disse ele mudando inteiramente de tom, são confusos mas tua boca tem a paixão que existe em você e de que você tem medo. Teu rosto, Lóri, tem um mistério de esfinge: decifra-me ou te devoro."

C.L.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

movimento...

Sabe quando parece que sua mente está com um atraso de meses e meses e que ela finalmente voltou a funcionar? Nada como o ócio para movimentá-la e me dar tempo para ler tudo que eu queria ou pelo menos pra ver a manhã e o final da tarde como eu tanto queria. Nada de comer o dia rápido, agora é mastigá-lo devagar e prestando atenção em cada pedacinho...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O mais difícil dessa vida nômade é que no final, você não se liga a nada e nem a ninguém. O que eu mais quero bate de frente com o que eu menos quero.

domingo, 3 de maio de 2009

superfície.

Talvez quanto mais a nossa casa pareça confortável, mas a gente fica presa à ela. O lar deveria ser um buraco onde a gente só quer se enfiar para dormir, comer ou qualquer coisa assim, com pouco tempo. Lá fora tem mais cara de casa e talvez eu me sinta melhor andando por aí. Porque até na calçada, no gramado ou na mureta eu fico melhor e posso sentar durante minutos intermináveis. Quando atravesso a porta parece que tudo faz mal, quanto mais doce parece pior. Talvez eu fosse mais feliz quando as paredes eram brancas e a casa tão vazia que eu saia pra rua sem rumo porque parecia mais familiar.
Descrevo tudo nos mínimos detalhes para que talvez você possa entender e explicar, mas porque no final acho que é mais fácil eu ordenar as idéias e chegar a entender porque a tempestade é contínua. Porque mesmo que não pareça, eu quero sair dela, só estou tentando entender como.
queria saber pra onde vai essa onda escura...

dias azuis.

Tem a cara da noite brilhando e eu seca, da minha garganta seca arranhando a minha fala. O gosto dessa dor sem sangue, e suga a tudo... Tem o olhar que me enfrenta às vezes e eu prefiro nem pensar mais. Essa ligação distante de espaço que insiste em me dizer que algo é semelhante aqui e lá... A paisagem parece tão mais forte e eu às vezes só quero ser meio parte dela, ou só aquele olho gigante para descrevê-la... até que às vezes eu tento quando alguém chega mais perto, e por um mínimo de esforço que alguém merece até fica tudo mais perto e mais úmido.
Parece algum sonho que eu vivo sempre depois de acordar... eles me fazem andar, andar sem parar... me levam perto de algum abraço que me faz lembrar que a gente é uma coisa bem maior do que essa parte amarela.
alguma música do my bloody valentine ou depreciation guild tocando... e eu parte dela.

domingo, 26 de abril de 2009

dias de sombras longas.

O mundo é essa coisa transparente vibrando e eu sou meio parte dela. Ela explodiu em tantas frentes que eu entendi minha parte do mistério. Eu corri e parei, e te encontrei pelo caminho, você, vocês. E como é bom te encontrar pelo caminho. O caminho é um pouco meu demais pra compartilhá-lo agora, mas bem gosto de te dizer tudo que eu vejo... Tá tudo grande e claro. As coisas arrepiam em sentidos e sensações imensas. É bonito te ver brilhando daqui e é o máximo que consigo.

É o vento, o vento batendo como sempre... e as janelas mais abertas do que nunca, embora não pareça... Quando ela fechar denovo já vai estar tudo remexido por dentro.

domingo, 5 de abril de 2009

o que te disseram, foi que mas nem tanto...

sabe quando se é um toco oco e ainda ocupa espaço...

domingo, 29 de março de 2009

recortes de alguma noite.

Eu amo, como eu amo todas as cores que explodem de você. Como eu amo quando eu piso verde, quando a água escorre, como algo acontece e existe por processo natural e vem assim explodido e calmo diante dos meus olhos. Porque amor pra mim foi sempre algo leve, de toque, de coisas que respiram assim uniformes por algum tempo.
Se alguém pode estar vivo na mais intensa forma de se dizer vivo, é porque respira puramente o que quer. Ou algo que move. Ou vê sentido em alguma coisa que lhe "diga" e lhe dê espaço.
Eu amo os nosso machucados e os odeio também. Tenho sede, cada vez mais sede de estar longe, de viver o seio da terra fresca. Sem essa merda toda que querem me dar.

sexta-feira, 20 de março de 2009

vede o dia.

Jogai-mos no dia, afundai-nos nesse dia. Ele se joga sobre nós e nos afundamos de corpo inteiro, alma inteira, o caralho que alguém tentar descrever. Mas jogue-se ao dia, como nunca, não mais como ontem, vá lá se saber como amanhã. Quero mergulho profundo, que afogue as cabeças, que flutue no ar e arranque os pedaços malditos que se sobrepõe a pele, espalha esse gozo pelo dia. Não há absolutamente nada e é absoluto dizer como isso é pele sobre pele. Arranca-lhe o coração e com ele tão apertado dentro da mão, esfrega-o sobre a pele. Sente ele e sente o dia, no respiro. Come o dia inteiro pra dizer que enfim é parte dele.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Vamos lá a um tapa das coisas reais.

quarta-feira, 11 de março de 2009

cuidado descuidado;

Peito aberto, solta-se um pouco dos cânceres. Coração aberto tem que olhar pra fora. Afinal é tanto. Sem suspiros, respira, enxerga, faz. Um coração frustrado pode acabar com milhares de outros. Umas tantas sintonias. Inventa um quadro feio e vira descuido. Às vezes é tanto olhar, que a gente descuida, de olhar dentro. Me perdoa, coração. Ventas aí e venta em mim também. Inventei o quadro bonito e me perdi nos pincéis, te encontro ali fora. Quero o meu bem refletido, reflexo de espelho e não de vidro quebrado. Me perdoa, coração. Vamos colocar os caminhos nos pulsos. Esse sangue que jorra é meu. Essa culpa que espalha é minha.

domingo, 8 de março de 2009

Eu sei, mas não devia

(Marina Colasanti)

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sábado, 7 de março de 2009

me diz o que é ser feliz.

te digo um caminho branco e desnudo. te digo um caminho cego.
descobri que a paz é caminho, que eu sou caminho...
hoje eu sou meu quadro borrado, amanhã nem mais sei...
volúvel, volátil, volante...
meu coração me perdooa por esse leve descuido, mas eu vou me perder denovo...

eu tô um pouco esse pedaço torto, e minha alma insiste em voar... me procura um dia, pois talvez eu não ligue.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Elas existem.

“O mundo é muito vasto, muito complexo e muito fugaz para ser apreendido diretamente. Nós não estamos equipados para lidar com tanta sutileza, com tanta variedade; com tantas permutações e combinações. Temos que reconstruí-lo num modelo simples antes de lidar com ele. Para percorrer o mundo os homens têm que ter mapas do mundo.”

A crise sugere um esgotamento dos mapas. É preciso ultrapassar o reducionismo econômico e político, ambos desenhados pelo individualismo, ambos privilegiando uma visão da sociedade como um mero resultado de conjuntos de decisões individuais, para ver o mundo como um conjunto feito de partes interligadas. Para redescobrir que tudo o que fazemos afeta os outros. O individualismo nega esse fato, mas as suas conseqüências – a crise ecológica e a sua irmã gêmea, a crise financeira – obrigam a ver a relação entre a parte e o todo. Entre o lixo e o luxo. Entre um consumo conspícuo que promove os estupros sociais dos 500 pares de tênis dos moradores dos Jardins e do Leblon, por oposição ao prato de feijão que falta na mesa dos nordestinos. Estupro reiterado no luxo que produz continentes de detritos, em vez das velhas latas de lixo. É essa presença incômoda de limites não ideológicos e extrapolíticos que caracteriza a crise que vivemos. E a crise, por sua vez, aponta para um mundo vasto, complexo, sutil e carente de novos modos e mapas.

Fonte: http://www.akatu.org.br/

Descobrindo fontes recomendáveis de notícias, e (ufa!) com uma visão mais complexa do que vemos por aí sobre a crise. Vale a pena: Akatu e a Carta Maior.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

não há lugar ao sol.

Às vezes o vento pára e fica esse tempo cinza e ele me definha pouco a pouco. Fica essa coisa opaca e sem forma. Parece tempo demais até a próxima chuva. Vontade de ficar transparente.
Ninguém vê e sente, afinal ninguém toca.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

tanto quero.

mar, mato, qualquer lugar... pés de barro, pés no barro... qualquer lugar longe do concreto, duro e fétido, que insistem em me dar pra pisar.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

escritos loucamente em uma noite de segunda-feira:

"Eu percebi que prefiro morrer do que esperar para viver alguma coisa. Afinal, a vida acontece."
Quando a clarice me 'disse' que escrevia com urgência, fez sentido. Até onde o sentido das palavras vão a gente não sabe... mas elas são sempre cheias de pequenas verdades, no meio de algumas inventadas. Afinal às vezes elas querem meramente alimentar egos... Prefiro elas jogadas.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

luz.

Eu te descreveria como aquela janela quase um tanto fechada e o seu sorriso quando você me olhou em um certo instante e eu gravei. Eu te descreveria como o tempo que passou devagar e foi mutualmente cheio. Eu te descreveria com sons e cores e uns jeitos, que agora eu conheço e são só teus. Eu te descreveria como alguém que surgiu assim e me fez respirar leve... passar horas leves, conversas leves. Meu desenho borrado de luz.

marcas de guerra.

Esse nome nunca foi tão perfeito, grito rock. Saímos dessa longa incubação e gritamos. Gritamos agora não mais só para nossos estômagos. Jogamos toda a comida azeda do mundo não mais à beira de um penhasco, mas sim diante de uma multidão. E começamos...

Marcas de guerra, e o que você tem a dizer?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

e agora.

socorro, não me deixa me perder denovo. caminho sinuoso e torto, cheio de esconderijos, que não me deixam ver a luz. afinal isso tá na minha frente, ou é a mente.
pediu pela primeira vez que alguém guiasse a corda, porque perder-se dela seria muito doloroso.
abriu as portas e teve vontade de se esconder.

esse caminho todo escuro e de mistério é pra luz, ou para tornar o buraco mais fundo?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

uma tal cumplicidade.

Desci e o silêncio me acompanhou. Por boa parte do tempo, por todas as janelas e as paisagens bonitas e as caminhadas e os pensamentos que a cidade caos me traz a mente. O silêncio nos lábios e a cabeça a mil. Caminhando naquele vento, naquele tormento calmo, naquele som de violino, fazendo tudo de sementes, alguns sentados e eu ali circulando. Pela primeira vez pareceu que a cidade caos plantou as imagens na minha frente, que me trouxeram a calmaria que permaneceu na minha mente e preparou-me para a próxima ação. Tudo parecendo tão leve e tão repleto, tudo que alimenta o que agora eu sou, até o próximo instante. Porque tudo é sempre essa coisa mutante de vida. E cheio de cúmplices, uma tal sintonia fina que pode surgir ou reexistir assim. Algumas pessoas são um pouco certezas de vida. Explodem em cores, muitas vezes nas mesmas, e são tanto uma coisa maior, que me deixa tranquila. Ou são um pouco essa coisa pequena e perplexa diante de uma imensidão jogada à nossa frente. Talvez seja esse duelo, o único que poderia ser positivo, em que a gente explode e o mundo quer explodir à mesma altura. E a gente fica oscilando, e ele oscila também, e no fim, fica uma tal coisa bonita, mesmo diante de todo o caos.

Sobre as cores, o caos, as nuvens cheias, o vento, o céu imenso e as sintonias finas.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

pulsa, pulso, pulse, pulsando, pulsão de vida.

ô palavrinha... pode dizer qualquer coisa e ao mesmo tempo pode ser só movimento... sem descrição alguma... só pulsando. e diz tanto...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

estranhezas.

Chegando ao próximo ponto de mutação.

Quando você percebe que o que foi já não é o que é, e enfim tem um ponto em algum lugar aqui.
Tempo louco, ano louco, pessoas loucas. Todos virados de cabeça pra baixo em uma bola gigante que não pára de girar. Tenho medo dessa febre, ela começa a subir tão rapidamente que daqui a pouco já me perdi. É um tanto triste quando a gente começa a não ligar mais para as distâncias. Uma turbulência e eu nem sei mais onde quero me segurar. Dizem que passa, mas quando passar, nem sei mais em que lugar vou estar.

o vento tá batendo forte hoje.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Saramago, como Caio F., diz tudo às vezes:

"As palavras feitas são assim, não tem sensibilidade para as mil sutilezas do sentido".

Nem na uniso a gente escapa.

- Eeeeeeeeeeeeei, mocinha, você é a mocinha da pedagógica! é é é é é!
- Encomenda aquele livro pra mim, não consegui achar em nenhum lugar!

Nem na fila da cantina da facul a gente escapa.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

lá vem o vento novamente...

Corredor escuro e frio e um texto fixado na parede. Passei tantas vezes naquele corredor e nunca parei para ler. E não dava pra ler em momento mais exato. Depois das conversas de janeiro, aquilo me fez muito sentido. Deu vontade de procurar aquele texto no site que indicava, mas daí parei e me lembrei, afinal ele falava exatamente em não se preocupar com registros. Senão a gente fica vivendo as coisas depois delas acontecerem e não no momento em que acontecem. Preocupação com arrancar pedacinhos dos lugares ou fotográfa-los, em vez de estar dentro. Prefiro fazer transparências à registros.
coração meio calmo e meio em brasa.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

corações velados.

Te vi por inteiro, te senti por inteiro, mesmo desse jeito meio perdida de mim, e aí que eu vi o desespero, sinto-te sem uma harmonia selada. Sem que o corpo se entregue à ti e com a alma um tanto velada, um tanto entregue. Qualquer lugar é nosso e qualquer lugar é lugar nenhum. Enfim temos pés aqui e nos outros cantos, peça-me para cair e eu te levanto. O que eu quero é esses pedaços entregues. As peças a gente forma sempre.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

escada marrom.

Ando pela praça, pelas avenidas e ando e ando e ando e parece que chegar nunca é destino. Destino é ficar andando e andando e andando. E quando vejo que preciso parar é quase abismo. Parado a cabeça para junto. Ou talvez seja pior estar andando o tempo todo e sentir-se parado. Meu sentido some quando a cabeça começa a rodar e é quase sempre, agora.

Preferível o quase sempre - vento.

manhã azul.

Talvez fosse a cabeça voltando meio atordoada, perdida às 7h da manhã... depois de rir de tudo besta, internamente, que pudesse se reparar naquela noite malditamente colorida. Tocou meio azedo em mim com essa zona interna meio interditada.
Caminhando de manhã, com aquele sol chegando, e tudo soando tão leve, e minha cabeça pesada. E pensei, pensado de um jeito que eu nunca tinha reparado. Vi a imagem de um revólver como sombra na calçada e isso acionou tanta coisa. Aquela fossa, e pensar que nunca fez tanto "nenhum sentido" usar aquilo como algum fim. Porque apesar da morte ser alguma coisa tão fria e uma coisa meio resultado, comecei a pensar que mesmo ela teria algum sentido, e veio aquela sensação meio em frente aos olhos do sangue todo gelado percorrendo pela última vez o corpo. Em contraste com aquele corpo quente, aquilo tudo correndo tão quente e tão forte, e derrepente é a última vez, a última vez que corre pelas veias e ainda parece tão forte. E a idéia do corpo meio explodindo veio novamente. Ele explode e morre. Como pode ser uma coisa ruim? Como poderia se fazer da morte algo tão seco, como escolher aquele cano frio como fim para alguma coisa. Afinal a morte fez meio parte das coisas bonitas. Ou das coisas que fazem algum sentido para sentir assim tão vivo. A morte não é nada sem cor, é algo azul. É a diferença entre o reflexo do espelho e a imagem real...

domingo, 25 de janeiro de 2009

sintomas estranhos.

Em épocas estranhas dessas é melhor até andar com o óculos amarrados... perder ele duas vezes em dois dias seguidos não é bom sinal. Principalmente quando você se toca que deixou ele dentro do prato de sobremesa e que o carregou até a cozinha, sem ver o óculos lá ou que você levou a mesinha da sala até o canto e nem percebeu que o óculos estava em cima.
Mais estranho ainda é quase perder o sábado por ter dormido até 2h45 da manhã.

Por sorte ainda existem Lisas na minha vida para me ligar e me obrigar a levantar da cama, quando me escondo de tudo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

quando é que isso tudo começou?
o que a gente faz?
às vezes a gente grita socorro
e às vezes é pra lugar nenhum...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Pela primeira vez eu pensei "o que é que eu tô fazendo"...
Planejando dois anos e nem se sabe o que será deles... eu poderia colocar os pés no mundo agora. Porque tanto tempo pra decidir se era mesmo 'a coisa' e no final, podem ser 5 anos que não servirão de nada...

sínteses tolas...

Nós somos tão vulneráveis, meu amor. Eu nunca tinha percebido tanto isso. Todos são meio descuidados. Eu não sei o que posso viver, eu não sei até quando. A gente vive inventando tudo ao nosso redor. As pessoas gostam de viver algo inventado... Aquela frase "porque afinal ninguém nunca se tocou" fica rodeando a minha cabeça, ela não sai daqui...

Ela e pensar que algumas pessoas realmente não podem caber só em 7 de 365 dias.

A gente vive é pra fora da janela... ou sem janela mesmo. sem a de concreto... porque da outra, eu percebi, como nunca, a gente precisa reencontrar...

E ao mesmo tempo, já está tudo tão apagado. As ondas de luzinhas amarelas já cobriram boa parte do que nos resta...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

pedaços;

até o mais paciente, cansa.
o telhado vai ganhando mais buracos para a coleção...

sábado, 3 de janeiro de 2009

"well if it's still pretty what with all these leaks we'll be fine."

esse ano começou realmente estranho... e até que estranho pode ser algo bom. ;)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Alguém disse que você vai viver uma fantasia besta até o final... E o final das coisas é onde nem começou. Tudo parece denovo não ter nenhum sentido, e parece não existir mais nada palpável onde você possa se segurar. A gente devia mesmo arrancar o coração e viver sem ele. Ou senão a gente vive sangrando o tempo todo e nunca se recupera. Esse é o problema, a gente nunca se recupera. Queria viver um pouco no casulo amarelo.
Qualquer coisa que eu possa escrever agora parece descartável.
Me dá uma injeção de sangue, porque aqui não sobrou nada.
Eu tenho uma confusão eterna e brutal na minha mente onde tudo se mistura sempre...