quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

(elo)

Se encontraram em uma rua estreita. Tentaram evitar o encontro dos olhos mas ... a rua era muito pequena, entre a calçada e um tropeço, entre um aceno e um nome comum mencionado. Suas idéias, confiadas somente à si mesmos, sem saber eram a mesma: fugir. Um adeus já feito, que somente não foi formalizado.

um laço quebrado; o laço que em mim se forma; que também em mim acaba; enxergam palavras; mas perderam o contexto; seus corpos se encontram mas suas almas não se vêem mais;

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Esvazio.

Você nunca vai entender, meu amor, o que é lutar em uma guerra onde armas são palavras. Elas disputam entre si um sentido que não as pertence. E quando os adversários trazem o campo de batalha para dentro de mim, machuca. Os sentidos são inerentes à mim. Eles encontram uma porta que nem eu sei onde está, e entram. É como um corte na pele. E minha fuga é sempre pelas palavras. Com seus sentidos múltiplos e nulos. Mas sabe... novos cortes aparecem. E eles não cicatrizam nunca, só se multiplicam. Minha calculadora perdeu uma das operações mais importantes. Ou ela se inverteu. E eu espero enfim, que ela encontre, e minimize novamente o meu caos.
Minha válvula de escape, meu martírio.


quinta-feira, 23 de novembro de 2006

sobre saudades.


Às vezes dá vontade de ter um pó de pirlimpimpim. Ou qualquer dessas coisas mágicas, que podem nos levar à qualquer lugar ou trazer qualquer alguém que quisermos à 'este lugar'. Mas a vida aqui tem uma magia diferente daquela do sítio do tal pássaro do pózinho. Essa magia, que não permite que algumas relações acabem, mesmo à distância. Alguns 'sentidos' que a distância não apaga. E que seja assim, por favor. Pois a minha vida não se completa só de mim.

da minha maneira.


Tenho como propriedade certa barreira. Que às vezes se torna instransponível... mesmo sendo transparente. Preciso dela pra ver, mas ela também gosta de inibir meus gritos, "necessários". Preciso gritar ao mundo o que vejo, porque já sufoca demais em mim. Meu combustível se torna palavras, sendo silêncio o combustível primeiro. Queria jogar cores em telas vazias. Penso que a expressão seria mais verdadeira ... os sentidos não cabem em palavras. Talvez os sentidos se percam quando saiam do nosso corpo, eles nos pertencem. Fora de nós, perdem todo o contexto ... ou talvez encontrem outro lar.
Eu que fujo tanto da contradição. Me persegues?

terça-feira, 7 de novembro de 2006

never is a promise.


Transfere para o piano os toques de angústia que marcaram os pálidos dias de setembro em sua infância. Da mesma forma que suas entranhas foram violadas, ela viola todos os limites sonoros. Lhes exprime, retira deles o possível e o impossível. A vida nesta sociedade é uma eterna volta ao lar, mas para lá ela resolveu não voltar mais. Em seu rosto parece que sempre permanecerá certa inocência infantil. Mas os seus sonhos e aspirações se foram juntamente aos gritos de desespero, que nunca silenciam. Eles continuam escondidos em cada nota. As palmas ao fim de cada apresentação são para vocês, meros fantoches de um palco de ilusões.
Can't you see?
never is a promise ...

terça-feira, 24 de outubro de 2006

o espelho da carne


Acordou e entregou sua imagem ao espelho. A partir de agora você só vai ficar aí. Eu sou agora só a reflexão dessas auras doentes. Me entrego à ti, pelo reconhecimento destas. Onde a loucura é presente desde que vieram à este mundo. Não a sua própria loucura, mas a loucura imposta pela sociedade. Ah! Aquele desespero sutil revelado ao meu olhar. O mais desesperador não era aquela dor, e sim a presença dela durante toda a existência destes. O poder de escolha era nulo, a doença não nasce em si, mas no outro. E agora você consegue perceber onde está o doente? (Sim, está dentro de mim). A degradação só existe no meu olhar. Mas o meu olhar é multiplicado, e o deles só consegue ser um. E mesmo com a morte, sempre será um. Somente um conseguirá ver a essência. Enquanto isto não mudar, o desespero vai nascer e refletir dos teus olhos, como uma marca imposta na pele. E a sua degradação começa quando você percebe que é quem lhes retira as chances de uma vida normal.
Apesar de o mundo moderno ser o doente, a doença só te corrói quando você vê através dela.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

teus olhos entregues


Cansados, em meio ao tumulto, eles decidiram se sentar. Ela como sempre não párava de falar. Continuava com as histórias divertidas, onde se perdia sozinha em um riso. E ele observava enquanto as palavras saíam da boca dela sem pausa. O mundo estava fora de foco, eles eram os únicos personagens naquele palco. E ele só conseguia pensar em tocá-la, mas tinha medo de uma reação inversa. O amor estava entregue em seu olhar. Ahhhh! Se ela soubesse... Estava tão absorta em si mesma que não conseguia perceber. Ele poderia gritar EU TE AMO, mas o pavor de acabar com aquele momento era tão grande. Era melhor guardar o sentimento à sete chaves dentro de si. Preferiu escolher a companhia dela.
"Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração"

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

(quebra)

Caminhos distintos, em corpo se tornam um só
Pessoa dizia ter todos os sonhos do mundo
Também quero poder ter
E não viver de uma escolha
Quero explorar todos os caminhos
Ser múltiplo dentro de um
Do futuro ninguém sabe
Quero viver de planos
e surpresas boas.

Eu sou a contradição?
Diante do mundo moderno, um ser não definido.
Sociedade, etiqueta, classifica e organiza.




quinta-feira, 3 de agosto de 2006

tempestades



Saudade de ter pra quem correr quando a tempestade começa. De não passar o tempo sentindo nada. de ter os dias corridos, ocupadíssimos, com mil funções, que apesar do cansaço enorme que causam, no final do dia te fazem deitar a cabeça no travesseiro e pensar "valeu a pena". Acorda no outro dia, correndo ainda e parte com uma satisfação e objetivos concretos.
As paredes manchadas, marcadas pelas diversas mudanças que a casa suportou, parecem mais solitárias que nunca. de repente a casa se tornou gigantesca e vazia.
Eu nunca fui tão paciente quanto nos últimos meses. Você acaba aprendendo que ela é necessária para não perder algumas coisas importantes. Mas nas últimas semanas não sei porque, muitas vezes ela resolveu sumir, me abandonar. De certa forma eu mesma tenho deixado ela ir sem algum esforço.
tudo mudou e eu não vi. Eu estava de fora, longe, mas dessa vez sem observar. Eu somente estava ali parada, estática, sem reação.
E quando eu ajudei os outros a reconstruir suas barreiras quebradas, a minha fortaleza caiu, se perdeu em meio a eles.
E o pior de tudo é pensar tudo isso, e não saber se é isso mesmo.

saudade de ter pra quem correr quando a minha tempestade começa.

terça-feira, 27 de junho de 2006

(querer)

inverno, pelas cortinas atravessa um vento cortante
dia escuro, pela janela brilho não se vê
mas ainda, não é isso que falta
neste dia primeiro de julho
não é a luz do sol,
o que me ilumina
na verdade
é você,
abre o sorriso,
o resto a gente não vê.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Uma carta

À todas as esperanças atiradas ao vento. À carta nunca respondida e que talvez entregasse ao destino outro rumo. As imagens armazenadas na mente, de um olhar repleto de mágoa diante de um silêncio cortante à um sorriso meigo e sincero que talvez nunca existira, do brilho contido naquele olhar no convite para acompanhar de perto o luar. Talvez a janela de sua alma consiga ver além, mas no meio do caminho sempre se perde, desvia em uma curva e tenta de certa forma consertar as coisas, criando pontos inexistentes. Seu espelho interior é sempre maior, da forma em que os sentimentos e as mágoas refletem no sorriso, no brilho do dia, transformam as cenas em preto e branco, acaba com os sons na noite, dilaceram o que por ali estaria a existir. Um pintor que se perdeu nos traços fortes, em uma tela que não tem fim. Pela noite, caminha e procura um novo rumo, as cores perdidas, com os olhos vendados e um vazio que, enfim, pede para sair à procura de um novo poente.

sábado, 6 de maio de 2006

como um passo de dança.

ela tentava se levantar
e só caia novamente em vão.
procurava um sonho novo
começar novamente
em um céu mais limpo
onde não haja nuvens
para impedir o voar.
que a imaginação possa fluir
sem atrapalhar os sentidos.
que o tom dos dias
seja claro e breve
os segundos mais completos
e os sorrisos mais sinceros.
você pode começar com
um passo de dança
aprenda a flutuar sobre os pés
que te levam a lugar nenhum
e te completam
em alguns minutos.
palavras simples jogadas ao vento
alcançam os melhores ouvintes
abrem corações
renovam as paixões ..

sexta-feira, 28 de abril de 2006

a dois.

Despidos de uma compaixão sutil
caminharam envoltos de desejo
e no caminho há um porém;

será que não consegues ver o interior
dilacerado por palavras não ditas
vivenciadas no refúgio criado em minha mente

és caminho sem volta e passos em vão
profundos lampejos que não levam à luz
a mais dolorosa das sensações

há de afirmar que o silêncio fere menos
mas somente impede a cicatrização veloz
talvez encontre as respostas nas madrugadas hostis
mas por enquanto as curvas na estrada
me impedem de prosseguir

no fervor dos desejos haveria brilho
dentro de teus olhos e tão distantes dos mesmos
conseguira me tornar o reflexo dos teus desejos
não mais que isso
teus olhos não conseguem ver o corpo dilacerado por dentro
estais nú diante de sentimentos anteriores
viris, tuas vísceras dilaceram o que estaria para nascer
então a luz se a apaga, o brilho se perde,
em um mar de sensações vazias
me encontro adentro de um anonimato cruel
o único, generalizado por ti.

arranha, corta, grita e silencia.

segunda-feira, 24 de abril de 2006

entre os ventos.

assuma vida
entre os ventos que contrariam os dias nublados
entre as águas límpidas e frescas
a gravidade te impede de voar
mas não te impede de alcançar o céu

terça-feira, 18 de abril de 2006

fosco.

inspirações na viagem para São Paulo em março.

...

Lembro do choro da menina
Das luzes vermelhas ofuscadas pelos vidros lá fora
Do sono que não vem
A luz ofusca os sonhos
Até mesmo os sonhos mais bonitos
brotam da escuridão do nosso ver.

terça-feira, 11 de abril de 2006

inspirações

Não há de escrever sobre coisas bonitas durante o dia. A madrugada é quem traz os mistérios. No máximo o pôr do sol com seus pincéis pode revelar a linda mistura de cores no céu, antes que a noite caia sobre as mãos entrelaçadas e os cabelos esvoaçantes à beira do rio em um encontro de sentimentos comuns.
- Isso é especial, você consegue sentir? Meus dias são mais completos ao seu lado, seus abraços são a fonte de energia que as poucas horas de sono não me dão..
E continuaram a caminhar sobre as folhas caídas de outono...

retornando.

Tá bem. Criei tantos "vínculos" na internet (fotolog, orkut, multiply...) e estou deixando de manter um dos que mais valem a pena. Este blog e o flickr (onde estão as tão estimadas fotografias) são os mais importantes realmente, escrever e fotografar, algo que quero seguir por muito tempo.

Ela caminhava sobre o pôr-do-sol pensando por dentro de quais portas deveria prosseguir. Várias aberturas estavam à sua frente, mas a decisão precisava ser uma só. Se ao cerrar os olhos tinha a certeza do caminho que queria seguir, por outro, as imagens das impossibilidades perseguiam seus pensamentos. Simples, fácil, rápido, não. Caminhos cheios de contornos, ah sempre esses.

As madrugadas, os sons suaves, as folhas se movimentando, as sombras sobre a areia ... lugar que durante o dia é povoado de sorrisos cativantes e inocência, daquela vontade de viver naquelas pequenas "mentes brilhantes". Na noite é vago, silencioso e confortante, faz bem por si só, mais uma vez ela se balança e sente a brisa pelos longos fios dos cabelos ... a mente está vazia, sem palavras, sem rodeios, bem por si só.

quinta-feira, 9 de março de 2006

junção de palavras escritas.

épocas como livros, às vezes você esquece, esquece realmente das entrelinhas, dos nomes, daqueles pequenos fatos que geraram consequências gigantescas para o dia de hoje.
os dedos estremecem e as palavras não vem, então vamos iniciar uma nova página, outra folha arremessada na lixeira, e novamente a tentativa do "novo". seria sobre fatos reais, ou a expressão escrita daquelas ilusões que habitam sua mente, os seus olhos às vezes também se perdem diante de fatos não reais, e vagam pelo infinito que nasce em seus pensamentos.

só queria escrever e não vem nada à mente. só uma confusão de pensamentos. e aquela coisa que a fez deixar a idéia da psicologia de lado, ela vê as coisas pelos dois lados, sente pelos dois lados e é só a terceira pessoa, ou a quarta, ou a quinta, nada a ver então, mas porque isso então? como ela disse uma vez. ah, bem lembrado, palavras fazem bem ... jogadas ao vento também?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

srta. moça

é como se os seus pequenos segundos fossem minutos para ela
enquanto você guarda o momento,
ela guarda para si todos os sorrisos, olhares e cores que apareceram nesses instantes