domingo, 29 de novembro de 2009

ponto de mutação;

Nessa doce tarde de novembro, a pulsação sobrepôs a pele. Era tão forte que me sentia rasgar. Eu sentia o tum, tum, tum das batidas e sabia que já não poderia suportar em mim. Tanto, mas tanto, mas tanto... Eu te digo que se eu sorria era de amor e se eu tenho algo a recordar, é por algo que se viveu, por vontade de viver, longe de qualquer autoafirmação de estupidez.
É por isso que eu posso lacrimejar nessa madrugada sem fim e entender a imensidão desde o início da linha. Finalmente, sem corte algum. Se hoje eu juntei o ontem e o hoje, é porque dessas imensidões é que esse sangue verte quente. Eu já sou mais que o ontem e o ontem do ontem, e ainda sou início, então eu pulso, sem querer saber onde vou parar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Gaiola de vidro.

A gaiola de vidro invade as ruas
Espelhos, concretos e fios
se erguem sobre
a cidade das memórias

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

As pessoas resolvem seus problemas com muros mais altos. Sentam confortavelmente no sofá, ao final do dia, com um sorriso de missão cumprida.

Me dizem que vento não abre tranca de porta.

Já não consegue ser mais do que isso: um coração bandido, largado, debaixo da cama. Se afunda na lama, clama na frente do espelho. Pede silêncio - sem um ruído, sem um sinal! - para os próprios ouvidos. Cala-te e cala-me. Deixa a boca abrir sem pestanejar, mas cala os ouvidos, que não se quer ouvir a volta. Todas as palavras jogadas, largadas aos quatro cantos, aos quatro ventos e só tampa os ouvidos.

Som de surdo é som de coração, e a esse ninguém engana.

domingo, 15 de novembro de 2009

o jardim tem a cor dos teus olhos.
O mundo rodando, rodando, rodando e eu aqui, sem saber porque parei. Estava correndo contra o tempo e ele me engoliu.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

é de se esperar de quem não se espera.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

tum, tum, tum, tum, tum... hã!, glup.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sinto essa garganta arranhando, a cabeça pesada, os olhos secos. Os olhos secos, tão secos, e sem brilho. Por mais azul que possa estar o céu. Minha cabeça pesa sobre o meu corpo e eu já não vejo mais nada. O sangue corre tão espesso, quase me carrega com ele enquanto escorre. O corpo às vezes parece uma coisa dura e seca, do qual não fazemos parte. Afinal, deveria ser algo a nos acompanhar. Mas nos transportamos em pensamento, e ele continua aqui. Pisamos outro chão, e ele continua nesse piso frio e áspero. Às vezes precisamos ser somente uma partícula pulsante, imersa sob todo o resto, e nos vemos como esse grande boneco batendo uns nos outros, sem ao menos reparar.

"Mas foi quando eu ainda nem havia dito nada, foi quando eu ainda nem te conhecia, foi na fresta que, por descuido, esqueci aberta... que teus olhos doeram em mim, caíram em mim e me mancharam de tinta. Não sei o que era ali dentro deles, se a minha tristeza ou a tua, mas nunca vi olhos tão claros, nem outros que ofuscassem tanto a minha vida. "

(Rita Apoena)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Há sempre a pausa, com a qual nunca se sabe como lidar. É como o espaço de tempo entra a idéia e o soco no peito: o querer e o sentir. a vontade e a dor. qualquer hora dessas e o depois.