quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

mais 365 sóis.

Final de ano é virar folha de calendário que a gente inventou. É pensar cronologicamente nos doze meses que a gente usa pra organizar a vida. Acho que tudo que eu quero no próximo ano é fugir disso: a vida cronometrada em segundos, minutos, horas, dias, meses e anos.

Quero viver dessa mutação, dessa vida fluindo sem sentido, viver como diria a Clarice "com a mesma falta de sentido que tem a veia que pulsa."

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

férias.

No meu quarto guardo uma concha, visível sempre antes das horas de sono, para me trazer um pedacinho do mar. Pelas paredes, guardo em ilustrações e imagens pedaços de onde já pisei. Mas talvez mais tatéis que qualquer coisa dessas, sejam meus olhos, que conseguem passar por tudo isso e avançar sobre as minhas memórias me levando os pés pra fora daqui. Tenho quatro paredes que para mim são uma porta para o mundo. E por esse caminho eu sempre sigo de pés descalços. As janelas que levam à minha alma ao mesmo tempo que carregam o olhar pra dentro, encontram um pedaço de mim em qualquer lugar e coisa que meus olhos possam tocar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

do impossível.

Uma inundação no peito e alguém nos pede para colocar isso em palavras.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

narciso;

Meus olhos já tem calos para essas tuas mentiras tolas, nessa tentativa escassa de tentar passar o tempo e a vida. Vive a vida, vive! É o máximo que posso te dizer. Mas vive com a coragem de quem anda sobre o fio da navalha. Com quem tem coragem de manter o peito aberto. Já era tempo de abrires os olhos para o resto do mundo, antes de escondê-los sempre pra dentro do teu peito, tão cheio de afetos emoldurados em vidros quebrados. Poesia só me faz sentido se é feita por quem vive, definhando, amando, vibrando, por quem sente e não chora escondido no colo do pai. Não vale nada pra quem anda de sapatos amarrados, com a corda no pescoço no meio do salão. Grita que tu gritas pra ti mesmo e só a ti queres ouvir. Já cansei tanto de ter tuas palavras que me calo por ti.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Confesso (2).

Estou cansada desse ritual social, de todas essas conversas que se desenrolam do mesmo jeito sempre, nas mesas dos mesmos bares, no meio do mesmo círculo de pessoas, que talvez mude uma ou duas, mas saem as mesmas histórias, as mesmas conversas, os mesmos assuntos. Qualquer assunto que há entre todos uma certa ligação, mas na verdade estão todos tão distantes de qualquer coisa que se sinta dentro do peito. Risos tão altos e tão condicionados por esse ritual todo.
Estou cansada dessa importância toda ao círculo e a diversão que podem sucumbir uma relação próxima. De ter como desculpa sempre uma falta de consciência.
Estou sem paciência com metade do mundo e talvez isso seja só uma necessidade urgente de paz.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Confesso.

E hoje, eu só precisava de alguém que ouvisse com o coração. Porque às vezes é indescritível o que a gente sente, e um emaranhado de palavras que possa se tentar expressar parece pequeno e confuso demais diante do que se passa dentro.