sábado, 27 de fevereiro de 2010

Nós dormimos em camas confortáveis e macias enquanto o mundo explode.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Só queria lembrar.

Queria anotar algumas coisas em um papel, amassá-lo junto com um monte de outros papéis, e guardá-lo no lugar mais fundo do armário. Só pra ninguém ler e eu lembrar de algumas coisas que ficam guardadas tão fundo na mente que dá medo de perder...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"Abraça tua loucura antes que seja tarde demais."

"Mas estávamos ali, como dois sobreviventes - para usar a linguagem que ele provavelmente teria, se falássemos disso - de um naufrágio. Ou para usar a minha própria linguagem, essa de gente que vive amontoada entre outras gentes, mesmo quando se retira, porque a vida incha lá fora, invadindo as janelas fechadas, sobreviventes de uma série de fracassos iguais e mesmas tentativas, idênticas queixas, esperas inúteis, mágoas inconfessáveis de tão miúdas. Eu podia falar lento, deixando o que dizia escorregar da garganta para a língua, da língua em movimento contra o céu da boca para os lábios, que com o ar soprado entre os dentes formaria palavras um pouco ao acaso, sem muita importância..."
(O marinheiro, Caio F.)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Havia tanta coisa pra te falar, mas as palavras voam, não é? E o tempo come. O calor dos teus olhos derrete até o que eu tinha pra lhe dizer e era tão urgente!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

meu peito inflado.

É inegável a paz de se estar em volta da roda toda e não ter olhos pra ninguém além daquele núcleo quente e próximo que faz o movimento de se mexer os lábios o mais simples, e as palavras voam, voam na velocidade em que o coração bate, tão rápido e feliz por estar ali. Demonstrar qualquer coisa já é mais com olhar do que com qualquer palavra.
E qualquer coisa que provoque os olhos, os ouvidos ou a boca, já faz estremecer a pele. Tantas e tantas sensações e tantos e tantos toques de vida. No asfalto não sobrará os pedaços de cores do carnaval, só no nosso peito como resquícios desses dias todos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

pra quem sabe quem.

Menina, aumenta a roda do vestido! E gira rápido, rápido... sem medo!
Só não te esquece de ouvir o vento
Ele pode assoprar nos teus ouvidos,
te roubar o tento...

Só não esquece que o mundo todo é teu amigo - nos pequenos cantos
Já nos grandes, toma tento!
Cuida com os olhos e os ouvidos, mas nem por isso deixe de girar...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

As pessoas mais bonitas?

Aquelas que tateiam o mundo como formigas, riscando a terra até que o mundo se remexa todo só pela presença delas.
Risc, risc, risc...

desabafo.

Garganta seca de tanto engolir o que não consigo tirar de mim (e nem posso).

domingo, 7 de fevereiro de 2010

seco.

Nossa condição de sair batida entre as pedras, com as rachaduras costuradas à dente. Não há sangue pra molhar as feridas hoje. Meu coração bate como um movimento contínuo do qual não consegue se desligar, não há sangue, não há água, não há o que circule no peito. Além de uma ferida que insiste em aumentar. E o corpo amortecido insiste em penar no vazio. Seria demais pedir pulsos rasgados pra alimentar essa alma calada. Eu já quero me alimentar de mim só pra não te deixar com os olhos secos de tão profundo que eles sempre alcançam. Teus olhos que avançam sobre o infinito e não quero tirá-los dessa imensidão azul que brilha em ti tão fundo. Se me perguntassem a cor dos teus olhos eu diria azuis ou aquele preto infinito de girassóis. Te prometo um abraço fundo ao término do latejar, quando o sangue já circulará, ao impossível de se estancar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

manhã azul-amarela.

No meio das lembranças que a mente insiste em trazer, vem aquelas que paralisam o tempo.

É como o tempo de manhã, como o pêlo do cachorro macio que acabou de acordar, pés descalços no piso gelado pra ver o rio caminhar, dia assim, nascendo, florescendo, mesmo que embaixo dos lençóis, feito minhoca que sai da terra pra encontrar o sol por talvez pouco tempo e se torna único. Tem gente que faz raiar tanto o sol que a gente sente ele pra sempre.