terça-feira, 24 de outubro de 2006

o espelho da carne


Acordou e entregou sua imagem ao espelho. A partir de agora você só vai ficar aí. Eu sou agora só a reflexão dessas auras doentes. Me entrego à ti, pelo reconhecimento destas. Onde a loucura é presente desde que vieram à este mundo. Não a sua própria loucura, mas a loucura imposta pela sociedade. Ah! Aquele desespero sutil revelado ao meu olhar. O mais desesperador não era aquela dor, e sim a presença dela durante toda a existência destes. O poder de escolha era nulo, a doença não nasce em si, mas no outro. E agora você consegue perceber onde está o doente? (Sim, está dentro de mim). A degradação só existe no meu olhar. Mas o meu olhar é multiplicado, e o deles só consegue ser um. E mesmo com a morte, sempre será um. Somente um conseguirá ver a essência. Enquanto isto não mudar, o desespero vai nascer e refletir dos teus olhos, como uma marca imposta na pele. E a sua degradação começa quando você percebe que é quem lhes retira as chances de uma vida normal.
Apesar de o mundo moderno ser o doente, a doença só te corrói quando você vê através dela.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

teus olhos entregues


Cansados, em meio ao tumulto, eles decidiram se sentar. Ela como sempre não párava de falar. Continuava com as histórias divertidas, onde se perdia sozinha em um riso. E ele observava enquanto as palavras saíam da boca dela sem pausa. O mundo estava fora de foco, eles eram os únicos personagens naquele palco. E ele só conseguia pensar em tocá-la, mas tinha medo de uma reação inversa. O amor estava entregue em seu olhar. Ahhhh! Se ela soubesse... Estava tão absorta em si mesma que não conseguia perceber. Ele poderia gritar EU TE AMO, mas o pavor de acabar com aquele momento era tão grande. Era melhor guardar o sentimento à sete chaves dentro de si. Preferiu escolher a companhia dela.
"Mas o amor sabe um segredo
O medo pode matar o seu coração"

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

(quebra)

Caminhos distintos, em corpo se tornam um só
Pessoa dizia ter todos os sonhos do mundo
Também quero poder ter
E não viver de uma escolha
Quero explorar todos os caminhos
Ser múltiplo dentro de um
Do futuro ninguém sabe
Quero viver de planos
e surpresas boas.

Eu sou a contradição?
Diante do mundo moderno, um ser não definido.
Sociedade, etiqueta, classifica e organiza.