domingo, 23 de agosto de 2009

móveis velados como filho, bate no peito a criança que ainda se alegra com a boneca que nunca teve.

sábado, 22 de agosto de 2009

coração no avesso.

e eu nessa cama confortável e mesquinha!
longe da alma quente das ruas.

e eu nessa cama confortável e mesquinha!
e o que fizemos pra nós além dessa selva de concreto?

e como é ela é seca e mesquinha, e mórbida,
do jeito que a gente come o mórbido como vermes,
rastejam e rastejam.

e apodrecem de tão podres que eram.
de tão podres que são
e de tão podres que sonham em ser.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

meus olhos pulsantes sobre o manto verde.

O coração pulsando tão forte que quase é possível senti-lo pela boca, pelas artérias, pelas veias, percorrendo o corpo todo, nesse mistura de proximidade e distância. Ah, o sol amanheceu tão forte hoje que é quase como se o céu de lá avançasse por aqui... como avançam os suspiros, os sorrisos e o abraço quente. Parece até que respiro o ar puro daquele manto verde que avança sobre o quarto infinito, sobre a alma infinita, sobre o menino infinito... naquele tom pulsante de vida que brota dos olhos dele, no sorriso de descoberta, nessas coisas todas, simples, bonitas e infinitas que os dias carregam com ele.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

minha doce terceira pessoa.

E a última vez que eu fui lá, que é há pouco tempo, mas sempre pra mim parece longe, porque sempre quero passar com ela mais e mais tempo, e então, a última vez que fui lá, estavam construindo um prédio torto e feio na frente da varanda dela. E ela me dizendo que só não queria janelas daquele lado do prédio, porque a última coisa que ela queria era alguém a espiá-la pela janela. E eu fiquei só pensando que a minha tristeza ia ser ficar sem o horizonte daquela varanda, de onde eu percebi pela primeira vez que eu precisava usar óculos, com a gente sentada na mureta da varanda tentando ler as fachadas das casas lá em cima do morro...
E eu era pequena, e podia querer brincar, ou estar correndo pela casa, mas a minha felicidade era mesmo que às nove horas da noite eu estaria lá sentada nas cadeiras de ferro antigas ao lado dela, conversando sobre alguma coisa e olhando o horizonte da cidade que é minha e não é.
E eu sempre tenho muito medo de escrever sobre ela, e já me vem uma vontade louca de chorar, porque ah, a última vez que escrevi sobre alguém como ela, a pessoa se foi depois de poucos meses... e se acontecer isso com ela ah, aquela cidade que é minha e não é, não vai fazer sentido algum. Vai ser buraco fundo e vazio, e andar lento pela cidade não vai ter mais graça nenhuma... Entrar naquela casa seria um bege vazio.
Ah o barulho daquele pequeno portão, que passa tanta gente e todo mundo deixa aberto, e agora ela fecha porque de uns anos pra cá ficou perigoso, e olha como o mundo anda rápido... agora é perigoso e ela tem alarme pela casa e eu fico sempre reparando nisso quando vou lá e pensando como o tempo anda. E eu sempre quero ver o rosto dela primeiro que tudo, pra ver como o tempo passou, pra me reconhecer nele... pra lembrar de uma das certezas da minha vida.
Ah a doce loucura, a doce loucura, e o cuidado e a preocupação, de um jeito tão dela! Tão dela!
Ela não gosta muito de falar ao mesmo tempo que fala, e ela me liga às vezes só pra me contar de algo que ela leu no jornal e pode ser pra mim. E os jornais, ah! Da última vez que eu fui também descobri que ela guarda os meus jornais dobradinhos, com um elástico, tão bonito do jeito dela! E nem sei se ela leu, esqueci de perguntar, mas abrir a gaveta e ver os jornais assim dobrados, em um monte pequeno, foi tão bonito...
Me vem um choro tão engasgado quando eu penso nela... A minha felicidade foi voltar para a antiga cidade a agora ficar tão perto dela, e pode fugir de vez em quando pra lá, não mais como antes, que era a cada ano e depois a cada dois anos, agora eu posso fugir pra lá quando quiser... mas ao mesmo tempo cada vez que eu vou parece que eu tenho menos tempo, e mais saudade, e que preciso aproveitar mais e mais a voz doce dela. E eu sempre vou embora pensando que preciso voltar lá e sentar naquela mesa e conversar sobre qualquer coisa e sorrir só de olhar ela contando sobre tudo...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ah, tanto alma de menino.

E eu fiquei aqui, com o amigo mandando sair do computador porque ele que estava usando esse, e porque ele queria usar porque já era intervalo, e eu só querendo continuar a ler, só mais alguns parágrafos daquele texto dele, me deixa por favor. Ele me deixa e eu fico lendo e me sentindo dentro da alma dele de menino, e dentro dos olhos dele, e sentindo aquela dor com ele. E eu fiquei realmente triste de não poder dar-lhe um abraço agora, porque mais do que tudo, queria dar um abraço nele agora. E era tão simples e tão fácil, e agora é longe. E agora eu sento em outro computador, porque não tá sobrando nenhum nesse laboratório hoje, e já vem outro amigo me mandar sair e ah eu fico aqui lacrimejante, só pensando que eu não vou conseguir não soltar a primeira lágrima, e alguém vai comentar alguma coisa quando a lágrima se soltar, e isso tudo poderia ser escrito só em uma palavra: saudade.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

inexplicáveis...

E parece que todos foram envolvidos no manto quente... e os reflexos ficaram dias além. Talvez a leveza da alma feliz e simples tenha alcançado a todos. Talvez todos pulsamos juntos e agora, nos falta uma parte.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

caminhando sobre os teus olhos;

a primeira música tem o sabor largo do teu riso...
a outra tem o cheiro do teu corpo...
e tantas mais tem o tato doce da tua voz sobre os meus ouvidos atentos...

eu te olhava e tu sorria um sorriso bonito, de covas largas, na nossa noite sob o quarto infinito... e a palavra simples nunca me pareceu tão singular e tão certa. simples como é sentir e viver em ti e tu viver em mim... e o meu coração pulsando no teu suspiro.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Coração quente, e um vazio, e um vazio...
Vou tentar lembrar da frase o tempo todo para a calmaria voltar e me confortar desse vazio...
"Há silêncio agora e há frio e há olhos molhados. Mas não dor. Muito pelo contrário: saudade pura e bonita..."

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

do que ela me sente.

Clarice calou-me como sempre:

"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."

alma de menino.

Meu corpo balançava junto com o ônibus naquela leve náusea. O dia já tinha tom de despedida, parecia que a chuva acompanhava minha chegada e partida...
Eu queria ouvir ele tantas vezes ainda, para decorar bem aquela voz e me lembrar nitidamente dela quando tivesse saudade. Eu me agarrava no tempo e ele fugia por entre meus dedos...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Se alguém me pedisse para descrevê-la eu diria com um olhar, que ela faz tudo com um cuidado e uma atenção que faz qualquer um ter inveja. E as coisas saem bonitas simples assim. Enquanto a gente passa horas tentando fazer algo, ela toca no pincel e dali parece sair mágica.
E esse sol batendo forte em mim. E as coisas todas me iluminando, e isso tudo, iluminando elas.
E essa luz toda de onde vem?
Não tem explicação...