sábado, 31 de dezembro de 2011
o tempo, o tempo e o tempo...
Não me invadem mais os ares do silêncio, mas um desejo ardente de ser e estar denovo no mundo, de ter energia para enfrentá-lo, de ser diante de alguém o que eu já fui, mas nunca igual a ontem, porque nada vai ser o que era, mas também não dá pra continuar sendo o que se é. Essa busca incansável que a gente tem e que vez ou outra dá um engasgo na garganta. O tempo vai comendo os dias, mas às vezes, vai trazendo eles novamente devagarzinho na lembrança... e tudo parece tão distante que a gente se confunde. Não se sabe mais onde algumas coisas ficaram e porque se perderam... Ao mesmo tempo se esquece de como algumas coisas estão tão vivas, mas distantes. É tudo se transformando o tempo todo...
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
veredas...
A morte se assemelha cada vez menos a uma forma de acontecimento. Parece mais como algo que nos atravessa o tempo todo, de diversas maneiras. Está no passado, na imagem de alguém em um tempo que a gente nunca conheceu, ou pode estar no futuro, nas milhares de coisas que a gente poderia sentir e viver ainda. Às vezes é um desaparecimento lento de alguém... ou chega de forma brusca como a imagem de um acidente na estrada. Em outras é lembrar de alguém toda vez que se fecha os olhos à noite para dormir. É sempre uma bifurcação no tempo. Que nos faz por vezes mudar de caminho e nos desperta...
Na pele fria não há nada, não há amor, não há palavra alguma, só há um espelho que nos obriga a se acertar com o tempo.
Na pele fria não há nada, não há amor, não há palavra alguma, só há um espelho que nos obriga a se acertar com o tempo.
domingo, 11 de setembro de 2011
setembro.
É tão raro eu chorar. E é por isso que hoje é um rito de passagem... da minha necessidade de isolamento e da minha falta de forças pra enfrentar o mundo. Eu estava sentada no muro como não fazia desde a minha infância, e fiquei me observando de cima, pequena, sentada com a minha vó descascando e comendo laranjas no degrau da escada. Fazia tempo que eu não lembrava disso e que essa cena não me parecia tão viva. Depois disso eu só consegui inconscientemente olhar para a horta da varanda no segundo andar. Aquela varanda só era bonita por causa da vida naquela casa. Só me era tão bonita porque alguém cuidava dela. E porque ali tudo transpirava amor. Tão verdadeiro isso... Os lugares só tem vida e ganham significado pelas pessoas que ali passaram e que os cultivaram. E quando eu observei a foto, com a pele da minha vó marcada pelos anos, com aquele lencinho bonito verde claro amarrado largo no pescoço e a laranja vermelha na mão, (eu nunca tinha visto uma laranja vermelha), foi impossível não ficar paralisada olhando por alguns minutos aquela imagem. E só pra mim ela ia significar isso. A minha alma me disse pra eu ficar um pouco tempo a mais naquele lugar. Manhã bonita, tarde bonita, só depois disso eu poderia voltar pra casa. E só com mais alguns dias para pensar, sentir e entender... esses sinais todos que a vida nos manda e que nesse meu tempo lento, eu demoro pra processar e compreender (ou eles tem o tempo deles pra gente compreender). A vida, a saudade, o tempo e a continuidade. O que a gente faz com tudo que acontece e nos surpreende. Sigamos leves e atentos, e sempre com amor. Evoé.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
A vida desnudando a pele...
Eu juro que eu gosto mais do que nunca desse movimento de desaceleração. Da minha paz e do meu silêncio. Dos meus ouvidos podendo sentir o pulsar do coração e os meus passos pela rua quente, de sentir o vento fresco na minha pele. Fez tanto calor nesses últimos dias, e eu lembrei como gosto do tempo quente, do calor riscando a pele, invadindo os poros, e até do suor... parece vivo. Já no frio parece que a gente ganha uma camada de algo que, no fim, é coisa nenhuma, só é uma distância do mundo. Eu gosto do final do dia de calor, que me dá vontade de qualquer coisa, mesmo que seja sentir o cansaço tomando conta do meu corpo e uma vontade imensa de estar em algum lugar. Uma vontade de mergulhar de cabeça no rio. A vida desnudando a pele...
domingo, 17 de julho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
and that's just about...
rain
grass
trees
rivers
feral
wild
music
hot
sweet
quiet
enigmatic
peace
flowers and chess
...saudade.
grass
trees
rivers
feral
wild
music
hot
sweet
quiet
enigmatic
peace
flowers and chess
...saudade.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
estação.
Eu não sei dizer se é saudade, só sei que algo me toca quando entro naquele metrô e fico vendo o mapa do caminho mais longo - aquele que eu percorria com o peito aberto e coração na mão até a penúltima estação.
sábado, 11 de junho de 2011
Não é que me falte vontade, mas me sobram muitas outras vontades. É esse tempo louco que eu agarro e não largo - pelo menos por um tempo, só pra eu descansar a mente tranquila no travesseiro pensando em algo que me dê paz - a paz de fazer o que eu acredito e o que me alimenta a alma. Eu sou mais forte que a tempestade voraz.
domingo, 29 de maio de 2011
Pegou todas as esperanças e amarrou em um saco, deixou lá na frente e ficou a esperar alguém pra buscar. Eternamente... Não, não é assim. Eu corro pra alcançar a velocidade do tempo e nesse espaço eu me perco. Fantasmas à me assombrar e uma flor esquecida no asfalto, a qual nunca encontrava, esquecida de desviar o olhar. Eu não sei mais o que esperar - e nem sei se espero. Só corro no asfalto quente.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
concreto um sonho.
A minha casa é uma ilha.
Pegaram uns pedaços de pedra recortados e encaixaram
em um espaço cinza: eis um lar.
Meu jasmim abraça a telha.
Ele tem a minha idade e não cresce mais.
Me disseram que já morreu.
Mas eu desconfio, ele continua verde.
Às vezes eu penso:
Isso não é meu.
Pegaram uns pedaços de pedra recortados e encaixaram
em um espaço cinza: eis um lar.
Meu jasmim abraça a telha.
Ele tem a minha idade e não cresce mais.
Me disseram que já morreu.
Mas eu desconfio, ele continua verde.
Às vezes eu penso:
Isso não é meu.
domingo, 15 de maio de 2011
meu tempo é longo.
Algumas coisas você protege em um canto quietinho, guarda rápido ali, nem pensa como embrulhar. Só pega aquela coisa e deixa ali na redoma, protegida, dos outros e de si mesmo. Daí alguém pega, te mostra os outros lados para os quais você sempre desviava o olhar e joga isso nas suas mãos. Já não cabe mais no espaço que estava e já não pode mais ficar assim nas suas mãos, tão exposto.
Eu não sei, eu não sei. Eu queria um tempo e ficar só eu na redoma, sem esses pedaços todos espalhados e fincados em tantas portas...
Eu não sei, eu não sei. Eu queria um tempo e ficar só eu na redoma, sem esses pedaços todos espalhados e fincados em tantas portas...
sábado, 14 de maio de 2011
Vem com o vento bom de mudança...
Eu encho os meus pulmões de ar. O meu ar purificado esvaindo pouco a pouco cada miligrama de peso carregado e enferrujado aqui dentro. Eu agradeço pelo que sou e pelo que fui e porque eu posso ver esse você hoje e essas palavras não resumem o tempo, e nem pretendem, porque o tempo não seria palpável, mas porque - mesmo sem qualquer pretensão - me dão forças para seguir e me ensinam sobre mim. Obrigada, vento bom, porque hoje, agora, eu sei melhor de mim.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
do indízivel...
É noite, é frio, é melancolia, é saudade... são os sonhos perseguindo toda noite e a energia apontando caminho, todo dia essa luz me transpassando e apontando pra alguma coisa e sempre uma mensagem que tranquiliza ou surpreende, o vento - e só o vento? - tateando a minha pele e minhas esperanças se perdendo e se encontrando pelo ar...
quinta-feira, 31 de março de 2011
entre os dentes do tempo...
Não vai dar mais para correr para o quintal. Não há mais gritos, não há mais tombos, não há mais caminhos a serem percorridos com pequenos passos. Não sobrevivem as promessas, não há mais certezas, não há previsão, não há nada - nada além dos olhos fixos no relógio, se perdendo com a rapidez das horas e com a mente que tanto devaneia...
quarta-feira, 9 de março de 2011
plural.
Demorou um tanto... tantos mergulhos e minha visão parecia ainda turva... até que eu consegui ver. Aquela sensação, aquele bem querer, o querer estar perto, e toda a relação que pode se formar entre duas pessoas nunca poderá ser algo singular, na medida em que são sempre dois afinal, sempre dois corpos, duas mentes, dois corações, inúmeros desejos e vontades que saem de cada um e imprevisíveis... não há roteiro, nem planos que possam sobreviver à alma humana. Só o coração sobrevive, costurando com a boca cada ferida nova... e saindo inteiro.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
desatinos...
Sonhei várias vezes e em todos os sonhos o meu amor surgia transfigurado. Por vezes estava por baixo dos meus pés, como se o esmagasse por medo, outras aparecia corroendo a minha mente e nas últimas vezes era segurado pela minha mão, como numa tentativa de manter perto. Estranhamente despertei e acordada percebi que ele permanecia na minha pele, nos meus olhos e no meu coração. A mente tem desses desatinos e nos confunde tanto que não dá mais pra saber se é sonho, realidade ou mais um desses labirintos confusos e sem fim.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
luz.
Sobre a janela ele se estica... não sabe se fica... ou vai... se ainda cabe ali... sente penetrando em cada fio de cabelo um raio de sol intenso e vivo, e o vento massageando seus cabelos... fica só sentindo, imóvel e calado... parece que aquele pequeno e singelo contato, repleto de luz, retira todo o peso que os dias traziam...
e pensa: as palavras não exprimem o tato...
e pensa: as palavras não exprimem o tato...
domingo, 23 de janeiro de 2011
sobre as minhas verdades...
"Tudo fica tão marcado na pele. Meu coração tem pele fina e é por isso que eu toco as coisas com tanto cuidado."
Essa frase sempre vai soar tão verdadeira...
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
só pulsando.
Eu queria escrever sobre o peso da vida sobre os nossos ombros, ou como uma palavra pode explicar anos inteiros... mas daí eu penso, uma palavra pode ser descartável agora... e eu prefiro o meu silêncio.
era tudo mais fácil, menino, quando você brincava de amarrar sapatos...
era tudo mais fácil, menino, quando você brincava de amarrar sapatos...
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Às vezes me faz falta o tempo ser um pouco palpável... me perco nas minhas memórias que fogem e só retornam quando eu leio alguma coisa tua em tempo novo. Por isso soa tão verdadeiro como o meu mundo é tátil - e como tudo vive sob a vibração da pele.
A saudade não dói quando se está quieta - ela lateja na fala e nas breves esperas...
A saudade não dói quando se está quieta - ela lateja na fala e nas breves esperas...
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
uma ilha desconhecida.
Pela primeira vez eu quis enfrentar o medo e olhar o meu sangue escorrendo pelos tubos. Longos e longos minutos e depois observei aquela bolsa pesada e vinho... tão viva e cheia de mim. E era só ela. Aquele sangue nem parecia tão vivo em mim, no meio de tanto cansaço, tanta falta de vida. Mas veio o vento novamente para carregar os meus pés para longe do chão e me levar pra essa ilha desconhecida. E eu me vejo vertendo quente com o sangue bombeado pelo meu corpo inteiro - a esperar.
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