quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sinto essa garganta arranhando, a cabeça pesada, os olhos secos. Os olhos secos, tão secos, e sem brilho. Por mais azul que possa estar o céu. Minha cabeça pesa sobre o meu corpo e eu já não vejo mais nada. O sangue corre tão espesso, quase me carrega com ele enquanto escorre. O corpo às vezes parece uma coisa dura e seca, do qual não fazemos parte. Afinal, deveria ser algo a nos acompanhar. Mas nos transportamos em pensamento, e ele continua aqui. Pisamos outro chão, e ele continua nesse piso frio e áspero. Às vezes precisamos ser somente uma partícula pulsante, imersa sob todo o resto, e nos vemos como esse grande boneco batendo uns nos outros, sem ao menos reparar.

2 comentários:

Cláudia I, Vetter disse...

escorrendo das veias,
perdeu-se o sangue;
mas resta o coração.

Fábio Ricardo disse...

às vezes não precisamos ser nada. Nem partícula, nem corpo nem mente. Apenas o vazio.