sexta-feira, 2 de julho de 2010

"A plenitude tornou-se dolorosa e pesada e Joana era uma nuvem prestes a chover. "

Eu agarrei cada palavra que poderia gritar pela minha boca. Eu amarrei minha garganta porque eu não tinha direito de ferir ninguém, de querer nada por ninguém. Eu só tinha direito de ficar calada no meu canto sofrendo cada pedacinho do amargo gosto da derrota que é ver o amor escorrendo pelo ralo. Não se pode sentir pelos outros. Não se pode prender ninguém. Eu dei a liberdade de alguém fazer meu coração escorrer. Eu sempre me calei e amarrei as palavras fundo na garganta pra nunca invadir ninguém. Eu prendi elas e elas comeram todos os pedacinhos do meu fígado. Elas correram pelas minhas veias, elas me cutucuram por noites e dias. Eu sofri calada para não invadir ninguém. E deixei isso tudo invadir cada centímetro do meu corpo. E em troca, recebi egoísmo.
Acredito mais nelas, que sentem o ruído da vida pelo ventre, dizem pelos olhos e pela pele, mudos e repletos, - e por fim, desaguam com o mesmo poder de se manter de pé.

3 comentários:

bea disse...

a eternidade, plenitude, o que seja: não é pra nós.

ventre quente e olhos atentos, tata. é assim que se vive.

.ana disse...

quanto eu já me calei e sofri as consequências disso quieta, sem ninguém saber. isso machuca, já vi que é melhor usar as palavras do que guardá-las para todo o sempre. azar se machucar o outro. sejamos um pouco egoístas tb...
;)

cláudia i, vetter disse...

tens o belo tom de florescer em pleno outono.

isso é um dom.

acredito no nosso impossível.